O judô é um tipo de arte marcial que tem origem no Japão. Desde 1964 se tornou um esporte olímpico de combate. Só que até chegar nesse patamar, ele passou por adaptações, que vieram desde a sua criação, por Jigoro Kano.
Atualmente, são 7 categorias que podem ser disputadas nos Jogos Olímpicos, tanto para o feminino como para o masculino. Porém essa divisão não é feita com base na cor da faixa (nível de experiência do judoca) e sim no peso dele. Entenda mais sobre isso.
A história do judô
Para entender a história do judô, a gente precisa considerar alguns fatos históricos. Primeiro, surgiu o estilo Takenouchi-ryu, isso em 1532. Ele deu origem ao Ju-Jutsu Japonês. Já o judô é uma derivação do Jiu Jitsu, usado para aprender a atacar e se defender usando o corpo.
E essa história toda começou lá atrás, quando Jigoro Kano começou a estudar as antigas formas de autodefesa. Inclusive, ele era um estudioso e tanto, que foi atrás até mesmo das leis da dinâmica, da ação e da reação, etc. A partir disso, melhorou as técnicas do Ju-Jutsu.
Foi assim que nasceu o Judô. Em 1882, o Kano fundou o Instituto Kodokan, que seria um “lugar de estudo”. O que ele queria era fazer da arte marcial uma forma de praticar esportes. Ele também criou a filosofia do “ippon-shobu”, que é a luta pelo ponto perfeito.
O código moral do judô
Com a criação do judô, Kano conseguiu pensar em uma modalidade que era para todos: homens, mulheres, crianças e idosos. Inclusive, a ideia era integrar a parte física com a mental e o espírito. Por isso, ele criou também um código moral.
Qual é a ideia desse código? Fazer com que os praticantes se lembre de princípios básicos, como cortesia, coragem, honestidade, honra, modéstia, respeito, autocontrole e amizade. E com tantos benefícios dentro de um único esporte, logo ele se tornou olímpico.
Sobre Kano, ele é doutorado em judô, com graduação que equivale a 12º Dan, algo que é dado somente ao criador do esporte. Hoje, é conhecido como “Pai dos Esportes Japoneses” porque também lutou pelo desenvolvimento do atletismo, por exemplo.
As atuais regras do judô
O principal objetivo de uma luta de judô é levar o adversário para o chão. Assim, os combates acontecem entre dois judocas em um mesmo tatame. Para isso, existe um tempo de luta que varia entre 4 e 5 minutos. Se não houver vencedor, tem mais 3 minutos de Golden Score.
Então, para pontuar nessa luta é preciso considerar que um dos judocas caia no chão. E dependendo dessa caída, os pontos variam. Por exemplo, Yukô é quando o judoca cai de lado e Wazari é quando ele cai de costas, porém, com pouca velocidade.
Mas quando acontece um ippon, que é uma caída perfeita de costas, então, o outro lutador se torna o vencedor, de forma imediata, independente dos pontos. Mas vale mencionar aqui que só citamos alguns dos golpes possíveis, está bem? Na verdade, existe uma dezena deles.
O que não pode fazer no judô
Se há regras a serem seguidas, saiba que também há proibições nesse esporte. Por exemplo, não é permitido dar golpes no rosto, no pescoço ou vertebras. Se isso acontecer, o lutador será penalizado e, se fizer de novo, poderá ser desclassificado.
Além disso, ataques diretos ou bloqueios abaixo da faixa são proibidos. Até mesmo porque o judô é um esporte de arte marcial que não visa sangramentos ou socos, como acontece em lutas de MMA. A ideia é apenas derrubar o oponente de costas para o tatame, ok?
É curioso observar ainda que mesmo que se enquadre em lutas marciais, o judô é um esporte bem diferente de outros, como o Jiu-Jitsu, por exemplo. Assim, ainda que tenham regras de ataque e de defesa, o que muda é a forma com que essas regras são aplicadas em cada esporte.
As técnicas do judô
Agora que você sabe quais as regras para pontuar no judô ou vencer a luta, vamos considerar também quais as principais técnicas que podem ser usadas, o que envolve também movimentos e golpes. Todos devem considerar apenas pés, braços, pernas e quadris.
O Nage-Waza é uma técnica que acontece em pé e envolve braços, pernas e quadril. O Katama-Waza acontece no chão e envolve técnicas de imobilização, estrangulamento e chave de braço. E dentro desses grandes grupos também pode ter variações.
Por exemplo, o Shime-Waza é a técnica de estrangulamento enquanto que a Te-Waza é a técnica de braço. Se for uma técnica de sacrifício, é chamada de Sutemi-Waza. Mas não se assuste. Após o golpe, o árbitro paralisa a luta, dando os pontos ao judoca que deu o golpe.
As faixas do judô
O judô tem várias faixas (obi). Elas indicam a graduação do judoca. Assim, dá para dividir os praticantes entre Kyu e Dan. Kyu é como se fosse iniciante e varia da faixa branca até a marrom. Depois de 10 faixas vem o Dan, que indica um lutador mais experiente.
Nesse caso, o judoca pode ter faixas pretas listas, com listras e até mesmo vermelhas. Mas vale dizer que, apesar dessa graduação, não há nada que indique um atleta de faixa preta só poderá lutar com um faixa preta, ok?
Em jogos olímpicos, por exemplo, eles se misturam. A Confederação Brasileira de Judô tem um documento que mostra quais são todas as exigências para conseguir as faixas em cada um dos níveis.
O judô nos Jogos Olímpicos
Na edição dos Jogos de Tóquio, em 1964, o judô se tornou um esporte olímpico. Mesmo ausente da edição de 1968, no México, voltou a ser opção em 1972 e se mantém desde então. Nas Olimpíadas, a disputa acontece conforme o peso do atleta e não as faixas.
E há outro detalhe: a medalha de prata e de ouro vai para os finalistas. Enquanto isso, são oferecidas duas medalhas de bronze, que vão para o sistema de repescagem. É dessa forma que funciona.
Os maiores campeões das Olimpíadas no judô
Durante todo tempo de Jogos, a variação de categorias foi de 4 a 8. Atualmente, são 7 por gênero. No masculino tem ligeiro (-60 Kg), meio-leve (entre 60 e 66 Kg), leve (entre 66 e 73 Kg), meio-médio (entre 73 e 81 Kg), médio (entre 81 e 90 Kg), meio-pesado (entre 90 e 100 Kg) e o pesado (acima de 100 kg).
No feminino são as mesmas categorias, mas mudam-se os pesos. Entre os países que mais ganharam as medalhas olímpicas do judô, a gente tem o Japão disparado na frente, com 37 ouros e um total de 82 medalhas. Depois, vem a França, a Coreia do Sul, a China, Cuba, União Soviética, Rússia, Itália e o Brasil, na 9ª posição.
O Brasil no judô
Atualmente, o judô é o esporte olímpico que mais deu medalhas individuais ao Brasil. Até aqui foram 22, sendo 4 ouros, 3 pratas e 15 de bronze. E a primeira delas veio em 1972, com Chiaki Ishii, que nasceu no Japão e foi naturalizado no Brasil japonês. O atleta conseguiu o bronze nos Jogos de Munique.
Já o primeiro ouro olímpico do judô veio com Aurélio Miguel, em Seul, 1988. Depois, Rogério Sampaio também conseguiu, em 1992. Aqui nos Jogos do Rio, em 2016, Rafaela Silva foi quem ficou com o ouro no feminino. E na edição anterior, 2012, quem levou foi a Sarah Menezes.
Além das medalhas olímpicas, o Brasil também tem 44 em Mundiais Sênior, sendo mais 97 em Pan-Americanos. Ainda se tratando do esporte, o Brasil abriu um Centro Pan-Americano de Judô em Lauro de Freitas, na Bahia e tem estimulado muitos novos atletas.
Os maiores judocas de todos os tempos
Esse tópico entra como curiosidade, mas também é bacana para ver que a maioria dos grandes judocas passaram pelos tatames olímpicos. O primeiro deles é Yasuhiro Yamashita, que é um japonês considerado o maior judoca de todos os tempos. Ele tem 4 títulos no pesado.
Depois, a gente tem um francês chamado de Teddy Riner, que é o melhor da atualidade. Ele também tem várias medalhas na carreira, sendo 2 ouros em Olimpíadas. Ele esteve invicto por 10 anos, com 154 vitórias consecutivas.
Por fim, vamos falar de um holandês agora, o nome dele é Anton Geesink. Ele é o único judoca não japonês a chegar até o 10º Dan. Ele morreu em 2010 e deixou um legado incrível, como o fato de ser o primeiro campeão mundial de judô não nascido no Japão.
Outras artes marciais
Para terminar a matéria é interessante a gente dizer que o judô vem lá do Japão a partir de uma variação de outra luta (Jiu Jitsu). Mas considere também que, conforme mudam-se as regras, a gente tem novos esportes que se enquadram em artes marciais.
Por exemplo, também no Japão a gente tem a vertente do karatê, do aikido e do jiu-jitsu. Já na Coreia, o mais famoso é o taekwondo. Na China, o kung fu, na Tailândia, o muay thai e aqui no Brasil, o que se enquadra mais é a capoeira.