O skate surgiu em 1950 na Califórnia, nos Estados Unidos. No entanto, há alguns anos vem lutando para se tornar um esporte olímpico. Ou seja, ele ainda não faz parte da grade de disputados dos Jogos Olímpicos. Aliás, não fazia porque agora fará.
Entre os novos esportes adicionados nos Jogos de Tóquio, que vai acontecer em 2021, temos o skate. Mas, quais serão as modalidades que estarão lá? Quem pode participar? Para saber de tudo isso precisamos dar um passo atrás e entender a história do esporte no mundo.
A história do skate
Califórnia. 1950. A partir disso, surfistas que não conseguiam pegar boas ondas, devido a maré baixa, pensaram em usar suas pranchas ou algo próximo a isso para andarem nas ruas. A modificação exigiu a introdução de rodinhas nas pranchas. Bom, agora ficou mais fácil.
Assim, com a prancha de madeira de rodinhas, nasceu o skate. Curiosamente, ele era chamado de surfe de asfalto ou, no inglês, sidewalk surf. Mais ou menos 1 década depois disso, o esporte se tornou bem mais popular, com equipamentos próprios e o comércio também.
Por exemplo, as pranchas retangulares foram criadas por Larry Stevenson, da marca Makaha. Com a fabricação do skate, os principais campeonatos começaram a acontecer, também na Califórnia, nos Estados Unidos. E mais 10 anos depois, as piscinas vazias se tornaram pistas.
A projeção mundial do skate
Entre adaptações, modelos, materiais e acessórios, o skate começou a ser popular também em outros países. Tanto é que na década de 1990, o norte-americano que a gente tanta ama aqui no Brasil, o Tony Hawk, levou o esporte ao mundo. Ele é o maior skatista de todos os tempos.
Sim, esse Hawk é o mesmo do vídeo game, viu. O jogo foi lançado em 1999 e se chama Tony Hawk’s Pro Skater. Além do game, o esporte começou a ser transmitido em TVs e os campeonatos ganharam força e patrocínio. Desde 1995, a ESPN transmite o X-Games.
Esse torneio é focado em esportes radicais e foi um grande impulsionador do skate no Brasil. Por aqui, ele chegou em 1960, mas ganhou força em 1970 e se popularizou também na década de 90. A confederação brasileira foi criada em 2000, por exemplo.
Quem é Bob Burnquist
Quando a confederação foi criada, alguns skatistas brasileiros já tinham fama em outras partes do mundo. Para entender isso na prática, considere que no ano de 1997, o Bob Burnquist foi o melhor skatista do mundo. Ele é o maior medalhista do X-Games, com 30 medalhas.
O nome dele, as medalhas e a fama fizeram o esporte ganhar ainda mais forma. Assim, a gente chega em 2009, quando uma pesquisa do Datafolha mostrou que o Brasil tem 4 milhões de skatistas. Em 2015, o número pulou para 8,5 milhões – a grande maioria (80%) homens.
E um dado curioso é que a maioria dos praticantes são jovens, sendo que possuem entre 11 e 15 anos. Eles representam 36% do total. Os adolescentes, entre 16 e 20 anos são 21% e quem tem mais de 21 anos forma o grupo dos 17%.
Como funciona o esporte
Um dos diferenciais desse esporte é que ele não tem regras específicas como a maioria dos esportes. Inclusive, isso é o que pode ter dificultado a inclusão dele como esporte olímpico. Vamos falar disso nos próximos tópicos.
O fato é que esse é um diferencial que torna a criatividade um item importante para o praticante de skate. Logo, o vencedor será aquele que demonstrar o melhor desempenho nas manobras. Essas manobras têm que ser feitas em tempos e são avaliadas pelos juízes.
Os critérios usados sempre foram: precisão do movimento e a dificuldade dele. No X-Games, por exemplo, eles também ganham pontos pela originalidade e a variedade de manobras que fazem. O percurso e os obstáculos também entram nessa conta final.
As modalidades do skate
Atualmente, há muitas modalidades. Vamos falar, em tópicos e de forma breve, sobre cada uma delas. Isso também será importante para depois você entender como o skate vai funcionar nas próximas Olimpíadas.
Mas, por curiosidade, tente prestar mais atenção quando a gente falar sobre o street e o park, ok? Eles foram os indicados para os Jogos por serem mais versáteis e, ao mesmo tempo, por permitirem manobras que deixam o público extasiado. Entenda a diferença.
Freestyle, Downhill e Slalom
Freestyle é a modalidade mais antiga, e permite manobras em sequência e no chão. O maior nome desse estilo é Rodney Mullen. Os skatistas são avaliados pela técnica, consistência, aspecto artístico e variedade.
Downhill Speed é uma descida de ladeiras que acontece em alta velocidade. Ganha quem chegar primeiro, ou seja, quem tiver o menor tempo gasto até a descida. E Downhill Slide é a variação, que permite manobras de derrapagens (slides).
Slalom é uma forma de corrida próxima ao Downhill. Só que nela o skatista percorre um caminho cheio de cones de plástico. O tempo de descida também é cronometrado e as penalidades acontecem quando o cone cai.
Vertical, Street e Park
Vertical é a modalidade de skate praticada em uma pista que tem o formato de U (halfpipe). Cada pista tem sua variação, como canyons, extensões, trilhos, corrimão. As manobras acontecem no ar ou nas bordas metálicas da pista.
Street é a modalidade mais praticada do mundo. Ela usa objetos, como bancos e escadas, para serem obstáculos. E dá para incluir vários deles, dependendo da competição. Também acontece na pista.
Park é uma modalidade bem nova no skate. É uma espécie de atividade que mistura vertical com street. Assim, os objetos interagem entre si, e o atleta pode fazer uma transição entre um movimento e outro.
A mini rampa e a mega rampa
Mini rampa é uma das opções que os espectadores mais gostam. Como o nome sugere, ela acontece em uma rampa menor e que mistura street com vertical. Já a mega rampa, criada por Danny Way, é mais radical por ter até 30 metros de altura e velocidade de até 80 Km/h.
Ainda falando da mega rampa, considere que ela tem várias histórias interessantes. Por exemplo, chegou ao Brasil em 2008, sendo trazida pelo skatista dos anos 80 George Rotatori. A instalação foi feita no Sambódromo do Anhembi. O Bob Burnquist é campeão da Oi Megarampa por 4 vezes. E após isso, em 2012, ela foi levada para o Rio de Janeiro.
O skate nos Jogos Olímpicos
Agora que você já sabe a história do skate e as modalidades que existem fique sabendo que o Comitê Olímpico Internacional aprovou a entrada do esporte nos Jogos, mas em duas modalidades apenas, sendo: street e park.
Além do mais, serão 40 vagas por modalidade, sendo 20 para homens e 20 para mulheres. Ou seja, serão, ao todo, 80 vagas. E cada país poderá levar até 3 atletas, desde que estejam entre os 20 melhores do mundo. Mas a terceira vaga não é garantida e depende de representações.
Sabendo disso, a próxima pergunta que vem é: como saber quem são os melhores skatistas do mundo? Para isso, existe um ranking olímpico, que foi sancionado pela World Skate e se chama World Skateboarding. Ele reconhece praticamente todos os campeonatos de skate.
Como ele se tornou um esporte olímpico
Parece claro que o grande número de skatistas do mundo todo pressionaram o Comitê para a aprovação. Além do mais, ele é um esporte midiático, televisionado e patrocinado, que movimenta milhões de dólares todos os anos.
Só que fora essa questão, o Comitê também fez alguns estudos para ver que é praticado em mais de 75 países e em 4 continentes. E a cada nova edição dos Jogos que acontecia, mais pressão o Comitê sofria. Curiosamente, aqui no Brasil, ele é considerado o 7º esporte mais preferido dos brasileiros.
Os skatistas brasileiros nas Olimpíadas
Como o ranking considera campeonatos como Pro Tour, 5 estrelas, continentais e nacionais, a gente já tem uma lista de nomes de possíveis representantes. Entre eles a campeã do Mundial de Street, Pâmela Rosa, e a vice, Rayssa Leal (11 anos).
No park feminino, quem vai é a Dora Varella, a Isadora Pacheco, a Yndiara Asp, a Victoria Bassi e a Letícia Gonçalves. No street masculino, temos Kelvin Hoefler, Giovanni Vianna, Carlos Ribeiro e Felipe Gustavo.
E no park, a lista passa pelo vice-campeão mundial Luizinho Francisco e vai para o terceiro colocado, Pedro Quintas. O Pedro Barros, é o 3º do ranking mundial e também está dentro.
Henry Gartland, um dos candidatos a medalhas nos Jogos, é encontrado morto
A notícia é muito triste e se espalhou pelo mundo do esporte rapidamente. O skatista de 21 anos foi encontrado morto em janeiro desse ano, em casa e sem a divulgação da causa da morte. Ele é de Mineápolis, nos Estados Unidos.
Ele era um dos esportistas com mais patrocinadores no skate. E uma dessas empresas, a Santa Cruz Skate Boards, disse que “todos nós o amávamos e sempre amaremos muito. É um irmão amoroso. Uma perda que compartilhamos com toda a comunidade do skate”.