O wingsuit, também chamado de traje planador, é um tipo de roupa que é muito comum entre os paraquedistas que realizam voos de alta performance. O nome popular dessa roupa é “macacão com asas” e você já deve ter visto um deles voando por regiões do paraquedismo.
Além de falarmos em macacão com asas ou wingsuit, saiba que os praticantes também recebem apelidos carinhosos: “homens pássaro” ou “Bird-men”. O fato é que enquanto estão em queda livre, eles podem voar a 50 Km/h, o que é 4 mais devagar do que sem o acessório. Continue lendo e saiba algumas curiosidades sobre a modalidade como praticá-la.
A história do wingsuit
O traje surgiu na década de 1930 do século 20, só que nessa ocasião, eles eram feitos de materiais rígidos. Por exemplo, a madeira, a lona e até mesmo o aço. No entanto, o peso do material e outros problemas técnicos resultaram em situações ruins.
E isso tinha um problema muito sério: entre 1930 e 1961, dos 76 praticantes pioneiros, saiba que 72 deles morreram em voos de teste. Por isso é que essa matéria é totalmente informativa e não de recomendação. Você jamais deve praticar sem ter experiência e cuidados.
Bom, mas o fato é que o surgimento aconteceu a partir de uma evolução do paraquedismo, sendo que o primeiro salto de avião de paraquedas trata de 1912 – ou seja, bem próximo dos voos feitos pelos irmãos Wright (e mais tarde pelo nosso Santos Dumont também).
Os casos infelizes
Mais tarde, já na década de 1980, após várias mortes pelo esporte, o alemão Christoph Aarns usou um material mais flexível e membranoso na estrutura das asas. E 10 anos depois nasceu o primeiro protótipo do traje.
Foi assim que o francês Patrick de Gayardon atualizou a sua roupa de saltar. Ele colocou superfícies entre as pernas e os braços. Porém, em 1998, ao fazer um teste com o invento, ele morreu e deixou para trás o legado.
Depois desses casos, novos materiais começaram a ser testados para a produção dos trajes, como a fibra de carbono, que vamos explicar abaixo. E outros esportes, como o próprio paraquedas, asa-delta e o parapente ganharam força novamente.
Luigi Cani
E se é para tratar de história, considere que em 2007 um brasileiro também passou apuros. Inclusive, o nome dele é um dos mais conhecidos: Luigi Cani. Ele saltou de um helicóptero sobre o Corcovado, só que o traje rasgou ao raspar na montanha. Mas ele manteve o voo.
Atualmente, Cani é conhecido por ser produtor cinematográfico, dublê e atleta do paraquedismo. Nascido em 1970 ele tem ótimos registros individuais dentro do esporte, a maioria na década de 2000.
Para se ter uma ideia disso, em 2010, foi o primeiro humano a voar com um wingsuit em formação cerrada com um caça a jato. No mesmo ano, foi o primeiro paraquedista brasileiro a reingressar em um avião em queda livre.
O que é o wingpack
Sabendo desse histórico nada motivacional, considere que outro tipo de modelo de trajeto está sendo testado para a mesma finalidade. Trata-se do Wingpack, que é uma espécie de asa rígida, mas feita de fibra de carbono, que é um material mais leve do que os anteriores.
O modelo é visto como intermediário entre a asa delta e o wingsuit, sendo que pode chegar a uma eficiência de nível 6. Além disso, ele permite um carregamento de oxigênio e outros materiais, o que é uma vantagem única.
Em 2003, Felix Baumgartner, da Áustria, saltou de uma altura de 39 mil metros e conseguiu atravessar em apenas 14 minutos o Canal da Mancha, o que deu mais de 35 Km. Já em 2006, a ESG, empresa alemã, lançou o modelo gryphon, que é para as forças operacionais especiais.
Para que serve o wingsuit
Como a gente sabe, esse é um esporte radical. Portanto, o seu objetivo está em fazer o praticante se sentir com a adrenalina na flor da pele. Porém, em se tratando da diferença para outros esportes, pode notar algumas diferenças do wingsuit.
Primeiro que ele foi criado para que o paraquedista tenha maior controle sobre o voo. Isso porque com a roupa, a velocidade dele diminui em 4 vezes, o que permite, conforme as Leis da Física e as tecnologias, essa ideia de controle.
Na prática, o praticante poderá percorrer maiores distâncias e passar mais perto do solo. Desse modo, é como um avião que consegue se manter voando, a partir das asas que criam uma área de resistência maior com o ar.
As outras forças do wingsuit
Para quem gostou da explicação e comparação com o avião, saiba que no wingsuit a gente ainda tem mais 4 forças que são atuantes, sendo peso, sustentação, empuxo e arrasto. Assim, elas têm a ver com movimentos verticais.
Porém é preciso considerar que a área que é encontrada pelo wingsuit não permite a possibilidade de voar sem motores, como acontece em planadores. Por isso, se faz necessário o uso de paraquedas atualmente. Mas essa história pode mudar, como veremos abaixo.
O que importa mesmo é que a soma de todos os fatores e forças faz com que aconteça a razão de planeio, que é a relação que existe entre a força de sustentação, de arrasto e o peso. Logo, as pressões permitem que o paraquedista voe para frente.
Como praticar o wingsuit
Para quem gostou do esporte e quer começar a praticar é importante conhecer algumas teorias. Primeiro, sobre a roupa. Saiba que não se deve tentar fazer o próprio traje em casa, ok? Nem mesmo o Homem Aranha produz a própria fantasia.
Bom, sabendo disso, saiba que o material tem que ser durável, porém, sem contar tecidos muito rígidos. Tanto é que os modelos mais convencionais possuem membranas entre os braços e as pernas, que formam asas. É isso que fará o ar entrar e inflar a roupa.
Só que ainda temos que considerar o painel defletor, que é uma parte que funciona exatamente como um estabilizador de voos e isso diminui as turbulências que vem da pressão do ar. Curiosamente, a roupa foi inspirada em esquilos-voadores que usam o mesmo princípio.
O controle de voo no wingsuit
O próximo ponto importante para entender a prática desse esporte tem a ver com o controle de voo. Sendo assim, existem 3 posições principais. A primeira é quando o corpo se mantém rígido. Isso permite uma queda mais lenta e estável. E a velocidade não é tão alta.
Depois, ele deve inclinar o corpo para baixo e dobrar os joelhos um pouco. Assim, ele usa as pressões do ar para ganhar mais velocidade. Por último, a posição que é para quem quer atingir velocidade máxima: manter o corpo ereto e inclinando para baixo.
A partir disso, em todos os casos, para mudar de posição ele precisará usar os braços, os ombros, as pernas e o quadril, mudando o formato das asas e redirecionando a pressão do ar. Os movimentos devem ser uniformes e suaves, se não ele entra em “parafuso”, literalmente.
Os recordes do wingsuit
Atualmente, saltando de paraquedas convencional, a velocidade é de 193 Km/h na média. Isso permite planar até 97 Km/h, também na média. Com o uso da roupa (wingsuit), a proporção é invertida, sendo que o praticante cai mais devagar e progride depois.
Assim, com a vestimenta apropriada para voar, ele alcança a velocidade de queda livre que pode chegar até 97 Km/h e pode planar em até 145 Km/h. Em termos de recordes, em abril de 2012, o colombiano Jhonathan Florez conseguiu percorrer uma distância de 26,2 Km e com um salto de 11.358.
Nessa mesma época, a velocidade mais rápida era do japonês Shin Ito, de 2011, com 363 Km/h. Em 2018, o suíço Ueli Gegenschatz cobriu 17,6 Km sobre a Baía de Galway, na Irlanda. Mas, como vimos acima, hoje em dia já temos novos recordes.
O que esperar do wingsuit
Para quem ainda não sabe o que esperar para o futuro desse esporte que é muito radical, considere que o mercado visa a criação de modelos que sejam capazes de realizar o pouso sem o auxílio de paraquedas. O que seria algo totalmente inovador. Assim, os testes já acontecem no mundo todo, como forma de projeto.
Inclusive, Jeb Corliss (americano) e Luís Cani Júnior (brasileiro) estão fazendo esses testes. Em 2012, Gary Connery (britânico) conseguiu realizar um salto sem o paraquedas. Para isso, ele usou um wingsuit especial, que foi projetado para isso e a aterrisagem aconteceu em uma pilha de papelão que amorteceu o impacto do atleta.
O traje do Homem-Aranha
E para fechar o texto temos uma curiosidade. Há alguns anos, a gente tem visto muitos paraquedistas criando trajes com base nos gostos pessoais. Isso se torna um show a parte. Por exemplo, Guido Brescia usou a roupa TonySuits R-Bird 1.
Ele é um piloto italiano que é muito fã do Homem-Aranha, o nosso querido Peter Park. Sendo assim, quando começou a praticar o wingsuit, ele logo projetou uma roupa que foi inteiramente pensada no personagem da Marvel. Depois, até roupas de vacas surgiram.