Na ginástica, a gente tem a FIG, que é a Federação Internacional de Ginástica. Ela foi responsável por criar o Código de Pontos. Assim, a partir dele, as atletas podem pensar em seus movimentos a partir de níveis de dificuldade. Por isso, aventurar-se nos movimentos mais difíceis da ginástica pode render bons pontos, ainda que seja bem mais arriscado.
No entanto, nem sempre foi assim, como vamos mencionar lá no fim do artigo. Mas, para esse começo de texto, a ideia é que você entenda um pouco mais dos movimentos básicos e dos movimentos mais complexos da ginástica.
Aliás, aqui você vai ver as informações focadas na ginástica artística, que é aquele que usa diversos aparelhos para se criar movimentos. O esporte é conhecido justamente por essa arte e composição dos movimentos, que exige performance de ginastas homens e mulheres.
Por curiosidade, considere que a gente ainda tem, em nível de competição, outras ginásticas, como é o caso da acrobática (geralmente em dupla ou grupos), a de trampolim (com saltos acrobáticos em cama elástica), a rítmica (que é um espetáculo de dança) e aeróbica (com a interpretação da música em ritmo acelerado).
Os movimentos básicos da ginástica
Para começar a conversa, de uma forma rápida e resumida, considere que antes de falarmos dos movimentos mais complexo é interessante a gente saber sobre os movimentos mais simples, chamados de movimentos básicos.
Basicamente, a gente tem a abertura, o avião, o carpado, estendida, entre outros. Nós vamos detalhar um pouco mais cada um deles para que quem ainda não esteja habituado ao exercício entenda. Leia.
- Abertura – extensão da articulação dos quadris
- Avião – uma perna no chão e eleva a outra para trás com os braços abertos
- Carpado – pernas estendidas formam ângulo de 90º com o tronco
- Empunhaduras – maneiras de segurar as barras e manter-se nelas
- Estendida – posição em que o corpo fica em linha reta
- Flic-Flac – braços esticados e os pés deixam o solo ao mesmo tempo
- Giro – o corpo faz um giro completo em torno do eixo transversal
- Giro gigante – é uma rotatória em volta da barra de 360º, com o corpo estendido
- Grupada – todas as partes do corpo se flexionam do ponto central. As pernas ficam flexionadas e a testa deve tocar o joelho
- Parada de mãos – corpo permanece em linha do pulso, dedos afastados
- Mortal – locomoção para frente ou para trás sem girar em torno de si
- Salto pak – é como o Flic-Flac, saindo da barra mais baixa para a mais alta
Desse modo, considere que esses movimentos valem para a ginástica artística. Tanto para a categoria de base, como nas seniores.
Os movimentos mais difíceis da ginástica
Aqueles que são considerados os movimentos mais difíceis da ginástica acabam tendo origem de criações das próprias atletas. Melhor do que isso, elas podem batizá-los com os próprios nomes. Inclusive, Simone Biles sabe muito bem como fazer isso veja.
Simone Biles
Simone Biles é uma referência na ginástica de todo o mundo. O seu grande diferencial está em apresentar acrobacias que nenhuma outra ginasta consegue fazer. Tanto é que ela tem 14 ouros em Mundiais além de 4 ouros em Olimpíadas. Abaixo, vamos mostrar alguns dos movimentos criados por ela.
O Biles do solo
Esse primeiro que vamos trazer aqui, que parece simples, mas é bastante complicado é realizado no solo, como o nome indica. Tanto é que representa um elemento de valor G, sendo a única atleta a apresenta-lo em uma competição internacional.
Inclusive, ele foi homologado por ela, durante o Mundial de 2013. Durante o treino, ela chegou a fazer uma ligação inédita do Biles com um mortal simples. Mas, o queria esse Biles? Nada mais do que um duplo mortal estendido para trás com meia volta.
O Biles do salto
Agora, nós temos a acrobacia da norte-americana no salto. O movimento nada mais é do que uma meia volta na primeira fase do saldo seguido de uma dupla pirueta na segunda fase. Nesse caso, ela homologou o movimento no Mundial de 2018.
Sendo assim, teve um valor de dificuldade de 6,4. Logo, se colocou ao lado do Produnova, que é chamado de salto da morte, também. Aliás, aqui está um dos saltos mais complicados de toda a ginástica, que nem a própria Simone faz.
Por curiosidade, o salto da morte é uma reversão (que usa o apoio das mãos na mesa) e dois mortais grupados para frente. A ação termina com cambalhotas aéreas com as pernas flexionadas. Quem tentou primeiro foi Choe Jong Sill, em 1980.
Mas, quem conseguiu o feito foi Elena Produnova, em 1999.
O Biles da trave
Na trave, Simone também é referência. O movimento dela é uma saída do aparelho com um duplo mortal grupado para trás com dupla pirueta. O engraçado é que esse é um tipo de movimento comum no solo, mas ninguém o apresentou na trave, até Simone o fazer.
Isso aconteceu no campeonato americano nacional, sendo que ela vai tentar homologar no Mundial de Stuttgart. O elemento tem valor H, sendo um dos mais elevados de toda a ginástica. Abaixo, a gente explica melhor essa ideia dos elementos e dos valores.
O Biles II do solo
Já esse movimento é um duplo mortal grupado para trás com tripla pirueta. Aqui, o grande diferencial está no fato de que essa ação nunca foi apresentada por mulheres. Mas, Simone o fez no campeonato americano. O elemento tem valor J, o que também é elevado.
As brasileiras e os brasileiros
No Brasil, a ginástica também tem a sua importância. Logo, mesmo que a Simone seja uma lenda, saiba que nós temos alguns movimentos batizados por brasileiras e brasileiros. Abaixo, nós vamos falar de alguns deles.
Rebecca Andrade – Agora, nós temos uma brasileira, a Rebecca. Ela testou um movimento novo há alguns anos, antes dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro. O movimento nada mais é do que um mortal com uma pirueta e meia. O nome do movimento, proposto por ela, é Andrade.
Daiane dos Santos – A nossa grande referência é Daiane dos Santos. O seu primeiro movimento nomeado é o Dos Santos I, também chamado de duplo twist carpado. Depois, ela fez uma evolução dele, no Dos Santos II ou duplo twist esticado. O primeiro é uma variação do twist, que nada mais é do que uma pirueta de giro em torno de si próprio.
Diego Hypólito – O Diego tem o Hypólito I, que é um giro de corpo no mesmo eixo com um mortal com o joelho estendido e encaixa no segundo mortal com as pernas estendidas e girando o corpo em 360º no mesmo eixo. O Hypólito II é muito parecido, mas na primeira parte se faz com o joelho flexionado.
Arthur Zanetti – Na Argola, o movimento de Zanetti parte do ponto mais baixo da posição horizontal e tem de subir, com o corpo travo, até o ponto mais alto. Para isso, ele só pode usar a força da gravidade.
Sérgio Sasaki – Sasaki é o movimento em que o atleta está apoiado com as duas mãos nas barras paralelas e com as pernas para cima. Ele dá um impulso, uma pirueta e meia para trás na posição grupada, solta as pernas no ar e se apoia novamente nas barras, balançando o corpo.
Os elementos e os valores
Para terminar o texto é legal a gente explicar essa história toda de elementos e valores que são dados em cada série que é feita pelos ginastas. Eles são validados pelos árbitros e variam de A até G. Logo, A é o mais fraco enquanto que G é o mais complexo.
Agora, o que se deve saber além disso é que esse é o novo código de pontuação da ginástica, que começou a valer em 2006. Isso porque o antigo código precisou ser revisado sob alegação de irregularidades após os eventos de Atenas.
Assim, de modo geral, a ideia é que a cada termino de ciclo olímpico, o código seja revisado para que tenha mudanças e adaptações para os próximos eventos. O foco está em acompanhar as tendências do esporte, valorizando mais alguns elementos do que outros.
A ginástica na modalidade artística está presente desde a primeira Olímpiada da Era Moderna, que aconteceu em 1896. Na ocasião, aconteceram as provas de argolas, de barra fixa, de barras paralelas, de cavalo com alças, salto sobre cavalo e a subida em corda lisa.
O problema estava no fato, durante todo período posterior, de que a equipe de arbitragem não tinha regras a serem seguidas. Assim, se perdia uma uniformidade. Sem contar que cada atleta poderia levar o seu próprio aparelho. A solução foi criar o primeiro código de pontuação, isso em Londres, no ano de 1948.
Os critérios atuais
Desse modo, atualmente, o sistema funciona com base em dois critérios: D (que é o critério de dificuldade) e o E (critério de execução). Dentro disso, os árbitros dão as notas. No caso do D, a ideia é avaliar movimentos obrigatórios, mais elevados, passadas. Já o E foca no desempenho.
Assim, a nota final vai depender da soma dos critérios D e E.