A sigla PNE costuma causar confusão para muita gente. Mas, a gente explica: PNE é Portador de Necessidades Especiais. No entanto, mesmo que ainda seja a mais usada, ela vem sendo trocada por PcD (Pessoa com Deficiência). O que importa, de fato, é que cada vez mais se fala em inclusão dessas pessoas, como nos esportes.
Por isso, falar em esportes com inclusão para PNE é algo bastante comum hoje em dia. Ou, pelo menos, muito mais comum do que era antigamente. No final do artigo, a gente vai falar um pouco mais da parte histórica dos Jogos Paraolímpicos. Mas, antes disso, vamos a parte curiosa do texto.
Você sabe quais são os esportes que podem ser adaptados para essas pessoas com deficiência? Aliás, para incrementar um ponto ainda mais nisso, sabe dizer quais os esportes individuais que elas podem praticar? A gente listou aqui os 14 que estão incluídos no programa dessas competições internacionais.
Os 14 esportes individuais para PNEs
Antes de começar há outro detalhe que é legal saber: alguns dos esportes são classificados e divididos conforme o grau de deficiência e o tipo de deficiência da pessoa. Já outros possuem pouquíssimas mudanças se comparados com as regras dos esportes não adaptados.
Por isso, independente se a pessoa é paraplégica (PP), amputada (AM), deficiente visual (VI), com paralisia cerebral (PC), deficiência inteligente (IN) ou com deficiências não abrangidas (LA), ela poderá participar de um ou mais esportes adaptados, como os que vamos listar abaixo.
1 – Atletismo
Sem dúvidas, o atletismo é um dos principais esportes com inclusão para PNE. Tanto é que a prova está na história. Isso mesmo: faz mais de 5 décadas que ele compõe o quadro de competições nas paraolimpíadas.
Assim, homens ou mulheres com deficiências físicas ou sensoriais podem participar das várias categorias das corridas, como saltos, lançamentos e até mesmo arremessos. Há a possibilidade de adaptações, como o uso de próteses, cadeiras de roda ou mesmo um atleta-guia.
Aqui no Brasil, nomes de referência são: Terezinha Guilhermina (3 ouros, 1 prata e 2 bronzes), Alan Fonteles (1 ouro e 1 prata) e Yohansson do Nascimento Ferreira (1 ouro, 2 pratas, 1 bronze).
2 – Bocha
A bocha é um esporte paraolímpico desde os jogos de Nova Iorque, em 1984. Ele pode ser disputado por pessoas com paralisia cerebral severa também, desde que usem de cadeira de rodas. E há pouquíssimas mudanças para a regra original da modalidade.
A bocha pode ser praticada na modalidade individual ou em equipes. No Brasil, ela é regida pela Associação Nacional dos Desportos para Deficientes. Por aqui, as principais referências são: Dirceu Pinto (4 ouros), Eliseu dos Santos (2 ouros e 2 bronzes) e Maciel Santos (1 ouro).
3 – Esgrima
A esgrima é uma luta que pode ser praticada por pessoas com deficiência locomotora. Assim, as regras que existem foram criadas e são supervisionadas pela Federal Internacional de Esgrima. No entanto, também temos o Comitê Executivo que faz a administração.
De modo geral, as cadeiras de rodas são fixadas no solo e têm movimentação proibida por regra. O principal medalhista brasileiro é o Jovane Guissone, que venceu o ouro nos Jogos de Londres, em 2012.
4 – Halterofilismo
O nome parece complicado e pode até ser que você não tenha ouvido falar ainda. Mas, saiba que vem de halter, que são aqueles pesos muito comuns em academia. Assim, a disputa é internacional e está prevista em jogos paraolímpicos também, desde 1964.
O esporte é masculino e feminino. Logo, atletas com deficiências físicas nos membros inferiores ou com paralisia cerebral podem competir deitados no aparelho supino. Os participantes são separados por pesos. Márcia Menezes já ficou com o bronze do mundial de 2012, em Dubai.
5 – Judô
Essa foi a primeira modalidade de origem asiática e estar no programa paraolímpico. Ou seja, o judô está nos jogos desde 1988. No entanto, ele era permitido apenas para homens com deficiência visual. As mulheres foram aceitas em 2004.
Hoje, dá para pensar em três categorias diferentes, o que vai variar conforme a possibilidade visual de cada competidor. O Brasil tem dois grandes nomes: Antônio Tenório, com 4 ouros e 1 bronze e Daniele Bernardes, com 3 bronzes.
6 – Natação
Atletas com vários tipos de deficiências podem participar, inclusive, aqueles com déficits visuais e físicos. Curiosamente, a piscina é a mesma usada pelos atletas olímpicos. Só que as regras são diferentes, sendo administradas pelo IPC Swimming.
As pequenas adaptações acontecem nas largadas, viradas e chegadas. O principal nome da atualidade no Brasil é de Daniel Dias, com 10 ouros, 4 pratos e 1 bronze. Além dele, temos Adriano Lima, André Brasil, Edência Garcia e Phelipe Rodrigues.
7 – Tênis de Mesa
Esse é um esporte que pode ser praticado individualmente ou em duplas com paralisia cerebral. Eles podem ser amputados ou cadeirantes. Assim, a competição é dividida entre andantes e cadeirantes. O esporte tem pequenas mudanças para adaptação.
Inclusive, a raquete pode ser amarrada na mão do atleta. Por aqui, o Luiz Algacir da Silva e o Welder Knaf são referências, até mesmo porque ficaram com a prata em 2008, nos Jogos de Pequim.
8 – Tiro com Arco
As regras são as mesmas. No entanto, a modalidade paraolímpica tem o seu próprio comitê de organização. Fora isso, permite a participação de tetraplégicos, paraplégicos ou pessoas com limitações de movimentos nos membros inferiores.
Elas podem competir em pé ou sentados em bancos.
9 – Triatlo
Agora temos outro dos esportes individuais com inclusão para PNE que é interessante porque apareceu recentemente como opção de competições internacionais. Isso foi em 2016 durante os jogos do Rio. Assim, as regras são bem próximas do esporte original.
Logo, são 750 metros de natação, 20 quilômetros de ciclismo e 5 quilômetros de corrida. Obviamente, sai vencedor o atleta que realizar tudo isso no menor tempo. Pessoas com vários tipos de deficiência podem participar.
10 – Remo
O remo é um esporte que exige muito do atleta. E não estamos falando apenas de esforço e resistência, mas também de técnica e disciplina. Para quem tem dificuldade de mobilidade, isso parece impossível, mas não é.
Inclusive, há uma adaptação no equipamento, sendo que as regras são aplicadas igualmente na modalidade adaptada. O esporte existe no Brasil desde 1980 e no ano de 2008 entrou nos Jogos Paraolímpicos de Pequim.
11 – Canoagem
A canoagem é diferente do remo, obviamente. Só que também é uma estreante nos jogos paraolímpicos. Assim sendo, tem velocidade adaptada para que os atletas possam disputar mesmo que tenham deficiências físico-motoras.
Atualmente, há três classes funcionais. A LTA é quando o atleta usa os braços, o tronco e as pernas para auxiliar na remada. A TA é quando ele usa apenas o tronco e os braços. Já a classe A é quando o atleta usa apenas o movimento dos braços.
Então, quem for o mais rápido vence.
12 – Vela
Além do remo e da canoagem, a vela é outra opção de esporte adaptado para deficientes. Atualmente, dá para considerar a participação de atletas com deficiências locomotoras ou visuais. Além do mais, os barcos são adaptados à realidade dos atletas.
13 – Hipismo
Você já deve ter ouvido falar do Joca, o Marcos Alves, que tem duas medalhas de bronze em casa, não ouviu? Então, ele é um nome do hipismo para deficientes. O esporte foi incorporado em Sidney no ano de 2000 e atletas com várias deficiências podem participar.
Inclusive, conforme a modalidade não apenas amazonas e cavaleiros vencem, mas os cavalos também recebem medalhas.
14 – Tênis
As pessoas que possuem deficiências na locomoção podem participar do tênis adaptado com cadeiras de rodas em jogos paraolímpicos. A modalidade foi criada em 1976 e o esporte estreou em Seul, no ano de 1988. Dá para participar individualmente ou em duplas.
Outros esportes
Também é importante que você saiba que além desses esportes individuais que citamos aqui, que também podem ser disputados em duplas ou equipes, há outros que são apenas para grupos. Por exemplo, o futebol de 5 ou o futebol de 7, além do basquete.
O que é a paraolimpíadas
Durante boa parte do texto, a gente citou as paraolimpíadas. Ou melhor, os jogos paraolímpicos. Mas, pode ser que você não tenha entendido exatamente o que é essa competição internacionais de esportes para deficientes.
Em 1960 aconteceu em Roma a XVI Olimpíada. Desde então logo após esses jogos, usando as mesmas instalações, inicia-se os jogos da Paraolimpíadas. Ou seja, é uma versão adaptada dos esportes para pessoas com deficiências mentais, físicas ou outras.
Em Roma, essa primeira paraolimpíada teve a participação de 400 atletas, sendo de 23 países diferentes. As últimas edições seguiram o calendário das olimpíadas, sendo em Londres (Inglaterra) no ano de 2012 e no Rio de Janeiro (Brasil) em 2016.
Antes disso, porém, os esportes adaptados já haviam se manifestado como forma de esporte e não apenas de lazer. Nos Estados Unidos, por exemplo, criaram-se as primeiras competições de Basquete em Cadeiras de Roda. E na Inglaterra existiu os Jogos Desportivos de Stoke Mandeville, com 14 homens e 2 mulheres. Isso tudo em 1948.
Foi então que em 1960 esses Jogos de Mandeville passou a acontecer junto com os Jogos Olímpicos, com o apoio de vários comitês. Nesse ano, mais de 240 competidores deficientes de 23 países participaram do grande evento.