Nem mesmo os brasileiros sabem, ou pelo menos uma minoria sabe: a capoeira é um tipo de luta de artes marciais. É verdade, mesmo que não se pratique em octógonos conhecidos dos Estados Unidos. Ainda assim, pode ser um diferencial do lutador do UFC, por exemplo.
O fato é que a capoeira é um símbolo do Brasil e você vai entender o motivo disso. Primeiro, considere que estamos falando de um esporte de luta, mas que conta muito sobre a nossa história enquanto civilização, isso porque foi crido pelos escravos africanos. Entenda tudo.
Confira a seguir alguns dos pontos que abordaremos no decorrer do texto
- O brazilian martial art
- As mudanças no formato da capoeira
- A capoeira regional e a capoeira angolana
- A graduação na capoeira regional
- As cores dos cordões
- A constituição dos cordéis
- A música na capoeira
- A capoeira enquanto luta
- A capoeira enquanto esporte
- A capoeira nas academias
- A capoeira vai estar nas olimpíadas?
O brazilian martial art
Na tradução, o brazialian martial art quer dizer algo como a arte marcial brasileira. Assim, o esporte pode ser praticado em grupos e é sempre acompanhada de uma música de fundo. O ritmo se mistura com os movimentos e a luta até parece uma dança, no fim das contas.
E se tratando de história, a gente tem um significado muito expressivo. Capoeira significa “o mato que nasce depois do desmatamento”. Achou a frase forte demais? Considere que isso porque o esporte era praticado, nos primórdios, em matos, próximo ao chão.
E o motivo impressiona: os praticantes ficam nessa posição para que os seus senhores, donos de escravos, não descobrissem sobre a teimosia deles. Sim, a capoeira era uma prática proibida no Brasil porque os senhores via isso como um treinamento de defesa pessoal.
As mudanças no formato da capoeira
Bem, você notou como a capoeira é um esporte muito forte e marcante para o povo brasileiro, não é mesmo? Mas o fato é que mesmo sendo proibida pelos senhores, ela nunca deixou de ser praticada. Na originalidade, é uma luta lenta e praticada no chão.
Ou, pelo menos, era. Isso porque hoje em dia ela sofreu mudanças, que acompanharam o tempo e os esportes. Por exemplo, a gente pode ir até as praias cariocas e ver uma prática um tanto quanto diferente, mas que tem os mesmos princípios e enredos. É a capoeira angolana.
Isso porque no século 20, os guetos baianos começaram a praticar a capoeira angolana. Ela também é africana, só que tinha detalhes diferentes. Assim, possuem mais acrobacias, é jogada em pé e tem elementos característicos do esporte, muito mais do que da dança.
A capoeira regional e a capoeira angolana
Esses são os nomes dados para os dois tipos de capoeiras que são praticadas aqui no Brasil. Entenda que a regional é aquela que nasceu daqui mesmo, dos escravos africanos. Depois, temos a angolana, que veio da Angola. Um dos diferenciais é a forma de criar um mestre.
Por exemplo, na nossa versão, para se tornar mestre é preciso desenvolver as habilidades, aprender golpes diferentes e assim vai se conseguindo uma espécie de graduação, que se dá por meio de cordões. Logo, cada cor é um estágio que termina quando ele se torna mestre.
Enquanto que na capoeira da Angola, o processo acontece após anos de prática e dedicação, sendo que o mestre recebe um lenço, que representa que o discípulo subiu de nível. Ou seja, para se tornar um mestre, nesse caso, você dependerá justamente do seu atual mestre.
A graduação na capoeira regional
Como você deve ter ficado curioso para saber as cores das cordas dos capoeiristas, vamos falar disso agora mesmo. Saiba que esse sistema de graduação foi criado em 1972, idealizado pelos grandes mestres do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Elas têm a ver com a bandeira do país.
Assim, essa ideia de regulamentar a graduação veio durante o II Simpósio Sobre Capoeira, que aconteceu em 1969 no Rio. A proposta era unificar a capoeira e a tradição. Porém, a partir disso nasceu o Regulamento Técnico da Capoeira, aprovada pelo Conselho dos Desportos.
Só para fins de curiosidade, saiba que considera além da graduação, mas cita também o vestuário e os cordéis, de forma a padronizar o esporte já pensando em possíveis competições em níveis nacionais e internacionais.
As cores dos cordões
A primeira coisa é a gente considerar o nível do aluno. Basicamente, ele tem 3 estágios para enfrentar nessa caminhada até que se torne instrutor. O 1º estágio indica o cordão da cor verde. O outro tem cordel verde-amarelo e o 3º estágio tem cor amarelo.
Depois, a gente tem o nível do instrutor, que também segue mais 3 estágios, contando a partir do 4ª, que é da cor amarelo-azul. Então, vem o azul, que indica a formação do capoeirista. Já o 6º estágio tem cor verde-amarelo-azul e significa que ele se tornou contramestre.
Por fim, temos mais 4 níveis para os mestres capoeiristas. O Mestre de 1º Grau tem cordel branco-verde. O Mestre de 2º Grau tem cordel branco-amarelo. O Mestre de 3º Grau tem cordel branco-azul e o Mestre de 4º Grau tem cordel apenas branco.
A constituição dos cordéis
Os cordéis, como você deve ter notado, são os cordões, ok? Agora, saiba que há uma curiosidade sobre eles: a confecção. Sendo assim, eles devem ser feitos de fio de seda (rabo de rato) ou material similar. Os fios devem ser trançados em 9. Ou seja, 9 fios para cada cordão.
E cada grupo tem que ter 3 fios, que podem ser de cores diferentes. Como acabamento, será dado um nó em cada fio. O cordel tem que ser usado na calça do atleta capoeirista, traspondo as passadeiras e o nó fica do lado direito da cintura.
E sobre a confecção das roupas, saiba que a calça branca pode ser em helanca ou brim ou tecido parecido. A bainha tem que chegar até o tornozelo e ser atada na cintura. Não pode ter cintos, bolsos ou fivelas. A camisa pode ser branca de malha. E as lutas acontecem sem o cordel.
A música na capoeira
O que não vai mudar muito é sobre as músicas. Ela é um ponto muito importante e até mesmo imprescindível dentro desse esporte. Sendo assim, ela é tocada pelos próprios membros da roda, que se revezam entre os instrumentos. A regra é: todos precisam responder ao canto.
O canto, por sua vez, é chamado de ladainha, que acompanha o pandeiro, o atabaque, o caxixi, o agogô, berimbau e o reco-reco. E as ladainhas remetem a histórias do cotidiano dos escravos, idolatrando os deuses do candomblé, que é a religião de origem africana – ou do catolicismo.
Por isso, o que dá para ver é que a capoeira é muito mais do que uma atividade física, certo? Ela conta sobre o Brasil e povo brasileiro. É como uma identidade da cultura brasileira. Agora, por outro lado, a gente também tem que avaliar os pontos do esporte. Vamos nessa!
A capoeira enquanto luta
Muitas vezes chamada de dança, a capoeira está muito mais para uma luta. Só que não é uma luta como essa que a gente vê no octógono do UFC, que envolve Jiu-Jitsu, Muay Thai e Boxe. Na verdade, a ideia é uma luta amigável e, por que não, feliz.
Assim sendo, os golpes acontecem em movimentos ágeis e intricado. Ou seja, o ideal é usar movimentos feitos junto ao chão ou até mesmo de cabeça para baixo. Mas há variações nisso e que, inclusive, seguiram algumas tendências das lutas mais agressivas.
Ainda assim, você não vai ver um capoeirista dando socos na cabeça do outro lutador. De todo modo, considere chutes, rasteiras, cabeçadas, joelhadas, cotoveladas e até mesmo as acrobacias, que podem ser em solo ou no ar. Logo, é uma luta de defesa e não ataque.
A capoeira enquanto esporte
No ano de 1972, a capoeira foi considerada uma modalidade desportiva pelo Conselho Nacional de Desportos. Assim, ela passou a ter um enfoque muito mais competitivo, o que acabou sendo de grande utilidade para treinamentos físicos, técnicos e táticos.
Aliás, ela tem princípios que cabem muito bem dentro do esporte. Para quem admira algumas lutas asiáticas, como é o caso do Judô e do Karatê, considere que a nossa capoeira também tem esses códigos de éticas, de honra e de respeito.
Por exemplo, a principal filosofia diz sobre o respeito ao próximo e aos mais velhos, que possuem maior grau de sabedoria. Aliás, ainda temos uma questão filosófica, que envolve o corpo e alma. Por isso, a capoeira pode ser até mesmo um esporte usado para a sobrevivência.
A capoeira nas academias
Um ponto bem legal de a gente avaliar a capoeira e as mudanças que ela teve durante a história tem a ver com a inclusão dela em academias de ginástica e musculação. Assim, esses ambientes passaram a permitir a prática da luta através de aulas marcadas em horários.
Sendo assim, algumas modificações passaram a ser feitas. Por exemplo, ter um lugar fixo para o treino não é o que acontecia no engenho, quando os escravos não queriam ser descobertos. Ao mesmo tempo, o uniforme, que é composto por calça branca, não existia.
Geralmente, essas calças também vêm com símbolos, que podem ser da própria academia ou do grupo que o capoeirista pertence. De todo modo, essa inclusão na academia fez com que a capoeira ganhasse ainda mais força em uma visão de esporte/luta e não apenas de dança.
A capoeira vai estar nas olimpíadas?
Obviamente, essa é a ideia de todos os organizadores que regulamentaram a capoeira como esporte. Porém, nada se sabe sobre isso ainda. Ainda que ela seja praticada em mais de 150 países, considere que nem todas as regras são unificadas pelas confederações.
Há, portanto, uma ideia para se aumentar a exibição da Federação Internacional de Capoeira (FICA). Depois desse passo, com certeza, o próximo será sobre a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos.