Atualmente, os esportes coletivos que usam bolas são bem comuns. Do futebol ao basquete, passando por vôlei, futebol americano, beisebol e até mesmo os individuais, como tênis, golfe, etc. No entanto, nem sempre isso foi assim.
O curioso é saber que aqui na Mesoamérica (México, Belize, Guatemala, El Salvador e Honduras) um esporte com bola era praticado antes mesmo da chegada dos europeus. Abaixo, conheça tudo sobre esse esporte dos maias, chamado de Pitz ou Jogo de Bola Mesoamericano.
O esporte maia
Todas as vezes que estudamos a civilização maia é possível observar vários aspectos e áreas da vida daquele povo tão incrível e rico culturalmente. Por exemplo, idioma, agricultura, religião, matemática, calendário e muito mais. Só que pouco se fala sobre esportes.
Dessa forma, o que mais se aproxima é o tema da arte maia. Diferente disso, hoje você vai conhecer um esporte que surgiu nessa época e foi praticado pelos maias e astecas. Agora, não espere que não vamos falar de outros temas porque até o esporte se liga as crenças maias.
Por exemplo, o que você acha sobre ser decapitado ao vencer uma partida de um jogo de bolas? Conforme estudos, isso acontecia no Pitz, que você vai conhecer abaixo. É uma história incrível sobre os maias que pouca gente sabe. Descubra!
Como surgiu o Pitz
A popularização do Pitz é indiscutível naquela região do mundo. No entanto, como tudo começou? Em sua primeira forma, acredita-se que o esporte veio com os olmecas, que é um povo pré-colombiano que esteve no centro-sul de onde hoje temos o México.
Assim, são vistos como donos da cultura-mãe de toda Mesoamérica. Esse povo, olmeca, tomava colônias por várias partes das Américas, criando cidades que serviam de controle. Assim, ajudaram a florescer lugares que eram dominados.
Então, entra o jogo de bola, como forma de disseminar a cultura para os mais diversos povos daquela região. Assim, as partidas passaram a ser “adaptadas” durante a colonização espanhola. Aliás, por sinal, isso pode ter ofuscado o brilho do Pitz.
Como acontecia o Pitz
É um jogo que era disputado por duas equipes de 7 homens cada uma. O objetivo do Pitz era fazer a bola passar por um aro de Pedro que ficava preso na parede. Quando isso acontece, mesmo que sendo uma única vez, o jogo terminava.
Então, você pode estar aí pensando que esse é o jogo mais fácil do mundo, certo? Na verdade, faltou dizer um detalhe: só se podia usar o quadril, os joelhos e os cotovelos. Por isso, jogadores não podiam estar em posse da bola, o que era possível era apenas um toque na bola.
E essa simples característica é que tornava o jogo tão difícil. Por isso, era comum que uma única partida de Pitz tivesse duração de até 6 horas. Interessante, não é mesmo? Então, continue lendo que nós vamos trazer mais detalhes desse jogo coletivo maia tão incrível.
O campo de jogo do Pitz
O campo de jogo do Pitz era em formato de “I”. Ou seja, ele era retangular. Assim, as medidas podiam variar muito conforme o lugar e conforme as equipes também. O curioso é que em todo caso, tinham duas paredes, inclinadas e cada uma com um aro.
Entre as paredes, o formato retangular formava um tipo de um corredor de terra, o que dava a ideia de uma partida suja no sentido conotativo da palavra. Para conseguir “pegar” a bola, era comum que os jogadores se lançassem no chão.
Imagine só em dias de chuva: água e terra faziam o espetáculo ser ainda mais intenso. Para você entender um pouco mais desse jogo, algumas pessoas tentaram simular o jogo do Pitz, mas com adaptações no campo.
Curiosidade sobre onde aconteciam os jogos
Apesar de que após a tomada da civilização espanhola naquele lugar o Pitz passou a não ser mais tão comum, considere que ele continuou acontecendo, só que de modo mais regional e uma prova disso tem a ver com os lugares onde o jogo acontecia.
Porém, no sul do México, o campo de Monte Albán, da civilização zapoteca, pode ter sido um campo-base. Ele era bem pequeno e abrigava somente 100 torcedores nas arquibancadas. O estádio de Tenochtitlán, do império asteca, tinha entre 5 e 10 mil espectadores.
Aí vem a maior revelação: Chichén Itzá, a cidade maia mais importante de Yucatán, ainda conta sobre proporções maiores, sendo que as quadras ou estádios são bem maiores, com capacidade para até 30 mil pessoas. O que é algo bem incrível para a época.
A bola do Pitz
A bola era o que tornava tudo ainda mais complexo e você já deve imaginar que o motivo não era o formato. Isso porque ela era feita de borracha e tinha um diâmetro de 30 centímetros. Assim, a massa chegava a quase 3 quilos, o que a tornava bem pesada.
Para você comparar e ter uma ideia mais real, saiba que atualmente a bola de futebol de jogos profissionais possui o mesmo diâmetro, mas pesa somente 0,5 quilo. Ou seja, a bola do Pitz era 6 vezes mais pesada do que isso pelo menos.
É por isso que muitos estudiosos dizem que os jogadores do Pitz usavam equipamentos de segurança e proteção. Geralmente, eles eram feitos de couro ou madeira e podiam ser protetores para a bacia, joelheiras e cotoveleiras.
A religiosidade do Pitz
Outro fato legal de comentar sobre o Pitz é que ele transcendia a ideia de lazer, de diversão e de entretenimento. Assim, ele tinha um viés bastante religioso, já que era considerado um esporte ritualístico, o que aumentava o apego das pessoas por ele.
A maior prova encontrada para essa explicação é que apesar da colonização e passagem do tempo, as quadras e outras estruturas desse esporte foram preservadas. E pesquisadores também encontraram gravuras feitas em paredes. Lá tinham troféus e bolas desenhados.
Ainda sobre o quesito religião, saiba que esse esporte maia possivelmente tinha as oferendas, as músicas e as danças que aconteciam como um tipo de aquecimento para os jogos. Há registros que mostram até mesmo sacrifícios para os times perdedores.
O ritual do Pitz
Quando se considera a arte como forma de estudar a história, a gente chega nesse ponto: havia um ritual no Pitz que é mostrado por esculturas e provam que havia um consumo de cacau que fazia parte dos jogos de bola daquela época. Inclusive, com jogadores vestidos.
Assim, a noz do cacau simboliza o coração humano porque tem várias câmaras. Essa ideia fazia com que a bebida fosse escolhida para ser consumida em várias cerimônias, como antes dos jogos. Além disso, mais tarde foi possível saber que as nozes de cacau eram usadas como moedas.
Com isso, considere que uma das figuras de cerâmica mais famosas sobre jogadores em um campo de jogo de bola são os “figurinos emparelhados”. Elas estão em Jaina, no México e são dessa época. A partir daí também é possível considerar outros esportes além do Pitz.
O pós-jogo do Pitz
Mais tarde, alguns estudiosos começaram a criar possibilidades, através de estudos e gravuras, sobre o que poderia vir a acontecer após o jogo do Pitz. Uma das curiosidades gira em torno do esporte como opção de salvação, acredita?
Isso porque Em Tenochtitlán, por exemplo, acredita-se que os cidadãos que jogavam era escravos que tinham muitas dívidas. Assim, a situação poderia ser revertida se o jogador marcasse o ponto. Inclusive, ele poderia continuar no campo para receber ouros da torcida.
Mas, contrabalanceando com isso, o time perdedor pagava o preço contrário e todos eram sacrificados. Em Chichén Itzá, a ideia era bem diferente. Após o fim do jogo, o capitão do time que perdeu matava o capitão do outro time. Afinal, isso era uma honra e o tornava imortal.
O Pitz nos dias atuais
E entre tantas curiosidades sobre o jogo de bola mesoamericano, considere que atualmente a cultura dessa região tem tentado fazer o esporte renascer. Primeiro, incluiu ele como uma atividade de lazer, em shows. Eles aconteciam lá no parque Scaret na Riviera Maia.
Para quem não se lembra, na Copa do Mundo de 2006 teve uma apresentação. Já a partir do ano de 2015, uma Copa do Mundo de Pitz começou a acontecer através da Associação de Jogos e Esportes Autóctonos e Tradicionais de Yucatán.
Dessa forma, hoje em dia já é possível contar com jogadores mexicanos, hondurenhos, de El Salvador, de Belize e da Guatemala. A competição conta com toda a imprensa local e muitos historiadores e antropólogos que ajudam a remontar essa parte da história.
Os jogos de bola mesoamericano hoje em dia
Atualmente, a competição é feita da seguinte forma: os times são compostos por 4 pessoas que jogam duas metades de 15 minutos. A partida acaba quando o ponto é marcado. Ou seja, tudo seguindo a premissa do que acontecia no século 16.
Assim, se a partida de 30 minutos terminar sem gol, o vencedor é escolhido através de um sistema de pontos que vai considerar os lances efetuados em campo. E quer saber, os historiadores dizem que o basquete pode ter partido desse esporte.