Evaristo de Macedo: O recordista brasileiro amado pelo Barça e Madrid

O primeiro atacante brasileiro a jogar pelo Barcelona marcou mais vezes do que Ronaldo e Romário juntos, teve uma melhor relação de gols em jogos do que Neymar ou Rivaldo e conseguiu o gol que tirou o Real Madrid da Copa da Europa pela primeira vez – antes de cruzar essa amarga divisão dois anos depois.

Para o Brasil, ele detém um recorde de gols que Pelé nunca igualou, mas foi proibido de jogar na Copa do Mundo de 1958. Como treinador, ele liderou 16 equipes diferentes, incluindo o Iraque, onde trabalhou ao lado do filho de Saddam Hussein.

Evaristo de Macedo: O recordista brasileiro amado pelo Barça e Madrid
Foto: (reprodução/internet)

Agora com 87 anos de idade, Evaristo de Macedo Filho olha para trás em uma carreira notável no futebol – e o gol extraordinário que ainda o define como uma lenda do Barça, apesar de tudo o que se seguiu.

Breve linha de apresentação

Nascido em 1933, Evaristo cresceu no norte do Rio de Janeiro, longe das famosas praias da cidade e da vista do cartão postal. Ele jogou futebol apenas por diversão nas ruas, mas isso mudou depois que ele foi ao julgamento de um amigo no clube local Madureira, em 1950.

Os treinadores lhe pediram para fazer os números e lhe entregaram um par de botas velhas. Apesar dos calçados estarem tão apertados que seus dedos dos pés enrolados, o jogador de 17 anos impressionou e foi convidado a retornar no dia seguinte.

Em dois anos, Evaristo havia marcado 18 gols em 35 jogos pelo Madureira, incluindo um contra o Fluminense do goleiro da seleção nacional Castilho no Maracanã – o mesmo estádio lendário em que ele havia espremido para assistir à final da Copa do Mundo de 1950, ao lado de 200.000 outros.

Suas atuações como amador para Madureira levaram a uma convocação para os Jogos Olímpicos de 1952 em Helsinque, onde o Brasil marcou nove gols em três jogos antes de sucumbir a uma experiente seleção alemã nas quartas-de-final.

O pequeno grupo de brasileiros, incluindo os futuros bicampeões mundiais Vava e Zozimo, voltou para casa com reputações aprimoradas e ofertas de contrato de clubes de todo o país. Evaristo, um fã vitalício do Flamengo, recebeu o chamado que mais desejava. Nos três anos seguintes, ele ajudou seu clube de infância a três Campeonatos Estaduais sucessivos do Rio.

“O Flamengo sempre foi a equipe do meu coração”, diz Evaristo à BBC Sport de sua casa no Rio de Janeiro. “Eu cresci observando-os com meu tio, então havia apenas um time para mim. Eu tinha ofertas do Vasco da Gama e do Fluminense, mas o Flamengo me deu tanto e eu sou eternamente grato”.

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Foto: (reprodução/internet)

Entre seus 103 gols em 191 jogos pelo Flamengo estão um quinteto de gols durante uma vitória de 12-2 sobre o São Cristóvãoa maior vitória na história do Maracanã. Da mesma forma, no Campeonato Sul-Americano de 1957, jogando pelo Brasil ao lado dos lendários Garrincha e Nilton Santos, ele marcou cinco gols em uma demolição de 9-0 da Colômbia, uma façanha inigualável até mesmo por Pelé.

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Foto: (reprodução/internet)

Barcelona o descreve como um “aríete” que jogou como se a bola estivesse “colada a seus pés”

O site oficial do clube descreve Evaristo como “uma das melhores contratações estrangeiras que o Barca já fez” e um “tipicamente brasileiro habilidoso com um instinto mortal na frente do gol, um chute fantástico com qualquer um dos pés, uma cabeça poderosa, e o tipo de velocidade e coragem que o tornou um sempre presente no time principal do Barca por cinco anos”.

Dentro de 12 meses após aquela final de 1961, Evaristo havia feito o impensável e se juntou ao Real Madrid após uma disputa com o Barcelona a respeito da naturalização.

No entanto, em contraste com a infame transferência de Luis Figo 38 anos mais tarde, os torcedores do clube dirigiram sua raiva não para o jogador, mas para a diretoria.

Evaristo de Macedo: O recordista brasileiro amado pelo Barça e Madrid
Foto: (reprodução/internet)

“O Barcelona queria que eu me tornasse espanhol para abrir-lhes a possibilidade de trazer outro jogador estrangeiro e eu não queria isso”, diz ele.

“Em Madri, não era esse o caso. Foi por isso que me mudei para lá, senão teria ficado no Barcelona, que eu gostava mais”.

“Estou muito orgulhoso de ter trabalhado no futebol durante 56 anos e de ter alcançado tal sucesso”, diz ele.

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Foto: (reprodução/internet)

“Futebol, Flamengo, família e amigos”. Essa é a minha vida agora”.

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Traduzido e adaptado por equipe Ao Vivo Esporte

Fonte: BBC e European cup history