Os Jogos Paraolímpicos fazem o maior sucesso entre os competidores que possuem algum tipo de necessidade, como uma visão corrompida, a cegueira, a amputação de membros, lesões na medula e mais um monte de possibilidades. Como nos jogos olímpicos, o evento é um dos maiores do mundo.
Assim sendo, ganhar uma medalha paraolímpica pode significar muito para as pessoas que competem e para quem assiste há sempre uma motivação a mais. Afinal, a história por trás de cada atleta costuma impressionar muito. Só que tem coisas sobre as paraolimpíadas que você não sabe, mas vai descobrir agora.
O certo é falar jogos paraolímpicos ou paralimpicos?
Antes de começar o texto, a gente já traz um tema que é polêmico, mas bem fácil de ser resolvido. E a gente vai explicar isso. No idioma português, sempre se usou o termo “paraolímpico”, que é o que vamos fazer aqui nessa matéria.
Porém, em 2011, o Comitê Paraolímpico Internacional sugeriu que todos os comitês adotassem o termo “paralimpico”, como forma de padronização. Isso porque o termo em inglês é “paralympic”. A maioria dos países aceitou a ideia.
O problema é que o “paraolímpico” ainda está enraizado em vários idiomas, como no português. De todo modo, hoje em dia, ambos são aceitos e compressíveis. Já que trata apenas de uma questão da padronização.
Os jogos paraolímpicos acontecem no mesmo lugar que os olímpicos
Uma parte da história pouca gente conhece. Vamos dar um passo atrás para entender isso. Considere que os primeiros jogos paraolímpicos aconteceram em Roma e uma semana após a edição dos Jogos Olímpicos de 1960, que foi na capital italiana.
Porém, em 1968, a Cidade do México, no México, não aceitou sediar os jogos paraolímpicos, que aconteceram em outro lugar, em Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel. A partir disso, os jogos aconteciam em lugares diferentes. Mas, em 1988, Seul, na Coreia, sediou ambos.
Desde então, os jogos acontecem na mesma cidade. Tanto é que em 2001, foi oficializado que a cidade que se candidatasse a se tornar sede dos jogos olímpicos também precisaria estar adaptada para os jogos paraolímpicos.
A origem dos Jogos Paraolímpicos
Apesar de ter acontecido junto com os Jogos Olímpicos de 1960 pela primeira vez, considere que a ideia dos paraolímpicos vem de antes. Isso porque a origem vem de Stoke Mandeville, na Inglaterra, quando um médico de reabilitação criou jogos para entreter pacientes.
No começo, participavam apenas pessoas com deficiência física, especialmente militares feridos na Segunda Guerra Mundial. E foi em 1960 que o esporte se democratizou através dos jogos, como já contamos no tópico acima.
Outra curiosidade é que em 1976, os Jogos Paraolímpicos também estrearam nos Jogos de Inverno, com modalidades como esqui alpino e nórdico para atletas amputados ou com deficiências visuais. E, a partir disso, o evento acontece a cada 4 anos.
A inclusão das deficiências ao longo dos anos
Um ponto curioso é considerar que entre 1960 e 1972 apenas paraplégicos participavam dos Jogos Paraolímpicos. E nessas edições, o número de participantes não passavam dos 1 mil. Em 1976, no Canadá, foram incluídas: amputados e deficientes visuais.
Na edição seguinte, de 1980, na Holanda, entraram também os com paralisia cerebral. Já em Seul, no ano de 1988, o que tivemos foi a inclusão de Les Autres, que é algo como “deficiências não abrangidas por outras categorias”.
E no ano de 1996, em Atlanta, adicionou-se a última deficiência, formando todas que temos presente hoje, sendo a deficiência intelectual. Curiosamente, nessa edição, o número de atletas passou dos 3 mil, sendo de mais de 100 delegações diferentes.
Os atletas paraolímpicos também passam pelo exame antidoping
Do mesmo modo que os atletas olímpicos têm o exame antidoping, como um temido teste, saiba que o mesmo acontece nas paraolimpíadas. Assim, eles também são submetidos a uma lista de substâncias proibidas.
Logo, se um atleta precisar tomar remédios para dor ou algum tratamento, ele tem que fazer o pedido de isenção. E cada pedido é analisado individualmente pelo comitê médico. A isenção tem a ver com dosagens certas e um certo período de tempo.
Existem várias classificações para participantes paraolímpicos nos Jogos
Para quem não tem o hábito de ver os jogos paraolímpicos ou nunca parou para pensar nisso, saiba que não vai acontecer de um cego competir com algum atleta que tenha paralisia cerebral, por exemplo. A ideia é que a competição aconteça em graus próximos.
Assim, os atletas passam por testes de função e movimentos com profissionais da medicina esportiva e recebem uma espécie de classificação para disputar as provas. Só na natação, para se ter uma ideia, são 14 classes diferentes, sendo que vai das lesões medulares até nanismo.
Aliás, a classificação de S1 até S10 é para esse tipo de lesão ou amputação ou limitações. Já de S11 até S13 é para atletas com problemas visuais. E tem a S14, que é para deficientes intelectuais também. Por isso, nos Jogos Paraolímpicos há bem mais medalhas de ouro.
Os esportes podem ser os mesmos que os dos Jogos Olímpicos
Outra curiosidade é que alguns esportes são diferentes dos Jogos Olímpicos. Porém, outros são os mesmos, só que adaptados. A natação, o ciclismo e o atletismo acontecem de forma muito semelhante, mas em modalidades diferentes, com cadeiras rodas, próteses, etc.
Já o futebol para cegos é um exemplo de esporte que se parece com o tradicional, porém, é totalmente adaptado, a se começar pela bola, que tem um guizo para que os atletas ouçam o som. Além disso, os times são formados por 5 jogadores.
Aliás, o goleiro não é cego, porém, também não pode sair da sua área. Há ainda um guia, que também não é cego e fica atrás do gol direcionando os jogadores. Curiosamente, é um esporte onde a torcida precisa se manter em silêncio. Já o goalball só tem nos paraolímpicos.
O tapper da natação para cegos
Um dos acessórios que você só vai ver algumas vezes é o tapper. Ele é uma espécie de bastão que tem um material macio na ponta e toca a cabeça do atleta. Como assim? A gente explica. Quando se trata da natação para cegos, o tapper é uma espécie de aviso para ele saber que está chegando perto do fim, há menos de 4 metros.
Logo, o objetivo é fazer com que ele não bata a cabeça na parede da piscina. Existe um tapper em cada ponta da piscina e, independente da prova, se é para nadadores cegos, eles são usados de forma intuitiva e prática.
Os guias para corredores cegos ou parcialmente cegos
Se há um tapper para nadadores cegos, no caso do atletismo, o que se tem são guias. Geralmente, eles correm junto com os atletas e podem estar atados por cordões também. Basicamente, eles funcionam como se fossem os olhos dos corredores.
O guia tem a permissão para falar com o atleta durante a corrida explicando onde estão, falando sobre curvas e sobre as passadas. A regra é que cada dupla, de atleta e guia, fique em sua faixa na pista de atletismo.
Em algumas modalidades, como na T12, onde os atletas podem ter visão, mas que são comprometidas, eles podem escolher entre ter guias ou não. E, curiosamente, não é fácil ser um guia de atleta paraolímpico, já que é preciso correr muito, ainda que ele não possa chegar na linha de chegada primeiro que o atleta.
Os atletas que já participaram de ambos os eventos
Existe uma grande diferença de rendimento de um atleta olímpico para um paraolímpico, o que é bastante óbvio de ser explicado. No entanto, considere que há atletas que já participaram de ambas as competições.
Por exemplo, uma das histórias é do velocista sul-africano Oscar Pistorius. Ele é considerado o primeiro atleta olímpico e paraolímpico da história a competir de forma simultânea em ambas as competições. Tem 4 ouros paraolímpicos. Já o húngaro Pal Szekeres era olímpico, mas após um acidente ficou paraplégico e se tornou atleta paraolímpico.
Outro exemplo é da mesa-tenista da Polônia Natalia Partyka. Ela nasceu sem a mão direita e o antebraço. Jogou nos jogos olímpicos de 2008 e no mesmo ano nos paraolímpicos. E tem ainda o exemplo da Natalie du Toit, uma nadadora da África do Sul, que tem ouros em piscinas olímpicas.
As modalidades esportivas dos Jogos Paraolímpicos
Atualmente, são várias as modalidades esportivas. Veja só: bocha, esgrima na cadeira de rodas, futebol de cinco, goal ball e judô. Tem ainda o basquete em cadeira de rodas, o badminton, a canoagem, o ciclismo, o hipismo, o remo, o rugby em cadeira de rodas.
E não para aí: atletismo, levantamento de peso, natação, tiro, dança esportiva, taekwondo, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro com arco, voleibol sentado, triatlo. E do lado dos esportes de inverno, entram: curling em cadeira de rodas, bobsleigh, snowbording, hóquei, esqui, biatlo.
Os maiores medalhistas paraolímpicos do mundo
Trischa Zorn é uma norte-americana que competiu em natação para cegos e ganhou 46 medalhas, sendo 32 de ouro. A carreira dela durou 24 anos. Impressionante, não é mesmo? É inspirador ver histórias como a dessa atleta.
Depois, vem Ragnhild Myklebust, da Noruega, que é o medalhista paraolímpico de inverno de maior sucesso, sendo que tem um total de 22 medalhas e 17 de ouro. Atualmente, o nadador Daniel Dias é um dos destaques, ele já soma 24 medalhas, sendo 14 de ouro.